segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Palavra de Deus, matrimônio e família

Palavra de Deus, matrimônio e família
O Sínodo sentiu necessidade de sublinhar também a relação entre Palavra de Deus, matrimônio e família cristã. Com efeito, «com o anúncio da Palavra de Deus, a Igreja revela à família cristã a sua verdadeira identidade, o que ela é e deve ser segundo o desígnio do Senhor» (JOÃO PAULO II, Exort. ap. Familiaris consortio (22 de Novembro de 1981), 49: AAS 74 (1982), 140-141). Por isso, nunca se perca de vista que a Palavra de Deus está na origem do matrimônio (cf. Gn 2, 24) e que o próprio Jesus quis incluir o matrimônio entre as  instituições do seu Reino (cf. Mt 19, 4-8), elevando a sacramento o que originalmente estava inscrito na natureza humana.«Na celebração sacramental, o homem e a mulher pronunciam uma palavra profética de doação recíproca: ser “uma só carne”, sinal do mistério da união de Cristo e da Igreja (cf. Ef 5, 31-32)» (Propositio20). A fidelidade à Palavra de Deus leva também a evidenciar que hoje esta instituição encontra-se, em muitos aspectos, sujeita a ataques pela mentalidade corrente. Perante a difundida desordem dos sentimentos e o despontar de modos de pensar que banalizam o corpo humano e a diferença sexual, a Palavra de Deus reafirma a bondade originária do ser humano, criado como homem e mulher e chamado ao amor fiel, recíproco e fecundo.
Do grande mistério nupcial deriva uma imprescindível responsabilidade dos pais em relação aos seus filhos. De fato, pertence à autêntica paternidade e maternidade a comunicação e o testemunho do sentido da vida em Cristo: através da fidelidade e unidade da vida familiar, os esposos são, para os seus filhos, os primeiros anunciadores da Palavra de Deus. A comunidade eclesial deve sustentá-los e ajudá-los a desenvolverem a oração em família, a escuta da Palavra, o conhecimento da Bíblia. Por isso, o Sínodo deseja que cada casa tenha a sua Bíblia e a conserve em lugar digno para poder lê-la e utilizá-la na oração. A ajuda necessária pode ser fornecida por sacerdotes, diáconos e leigos bem preparados. O Sínodo recomendou também a formação de pequenas comunidades entre famílias, onde se cultive a oração e a meditação em comum de trechos apropriados da Sagrada Escritura (Cf. Propositio 21). Os esposos lembrem-se de que «a Palavra de Deus é um amparo precioso inclusive nas dificuldades da vida conjugal e familiar» (Propositio 20).
Neste contexto, quero evidenciar as recomendações do Sínodo quanto à função das mulheres relativamente à Palavra de Deus. A contribuição do «gênio feminino» – assim lhe chamava o Papa João Paulo II (Cf. Carta ap. Mulieris dignitatem (15 de Agosto de 1988), 31: AAS 80 (1988), 1727-1729) – para o conhecimento da Escritura e para a vida inteira da Igreja é hoje maior do que no passado e tem a ver com o campo dos próprios estudos bíblicos. De modo especial, o Sínodo deteve-se sobre o papel indispensável das mulheres na família, na educação, na catequese e na transmissão dos valores. Com efeito, elas «sabem suscitar a escuta da Palavra, a relação pessoal com Deus e comunicar o sentido do perdão e da partilha evangélica» (Propositio 17), como também ser portadoras de amor, mestras de misericórdia e construtoras de paz, comunicadoras de calor e humanidade num mundo que demasiadas vezes se limita a avaliar as pessoas com os critérios frios da exploração e do lucro. (Verbum Domini, 85)

Fonte: Boletim da Pastoral Familiar/CNBB-Regional Sul 2 do mês de Dezembro de 2010.
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Boletim da Pastoral Familiar/CNBB-Regional Sul 2 do mês de Dezembro de 2010.

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