ESPIRITUALIDADE DA QUARESMA
A Quaresma é o tempo
propício de preparação para a maior de todas as festas cristãs: a Páscoa. É um
tempo privilegiado para se aprofundar mais a Palavra de Deus. O cristão é
chamado à interiorização, a olhar por dentro e examinar suas atitudes.
Quaresma é convite ao
homem para se renovar, restabelecer a paz, partilhar o pão. A Quaresma é o
caminho para a Páscoa. A Páscoa é antecipada pela Cruz. Na Quaresma a liturgia da
Igreja nos mostra o sofrimento e a renúncia como caminho para participar da
Festa Pascal.
Jesus redimiu o homem
numa cruz. A cruz e o sofrimento dos homens são redentores quando em comunhão
com o Cristo Pascal, morto no madeiro. Para o cristão o sofrimento e a cruz são
sinais de vida e esperança. Hoje, a cruz não é só de Cristo, mas de toda a
humanidade, na qual Cristo se encarnou e fez morada. A comunhão com a cruz de
Cristo significa a Páscoa acontecendo na humanidade.
Viver a Quaresma é
assumir os caminhos de conversão, de renovação, de purificação e de santidade.
Converter-se é voltar-se, colocar-se na procura do essencial, do mais profundo.
Converter-se não é apenas sentir dor ao contemplar a Paixão de Cristo, mas
comprometer-se com Cristo na libertação de todo o pecado.
Assim, a Quaresma é
tempo para descoberta profunda do pecado, para se chegar à libertação plena:
Páscoa. Todo encontro com Deus santifica, modifica o coração do homem e o
reanima na caminhada. Por isso, a Quaresma é tempo de colocar-se frente a Deus
e frente à vida. Só ficar nas boas intenções é o grande perigo deste tempo.
Outro perigo e deixar-se fascinar pela aparência, o “faz de conta”, a
hipocrisia, em suma: a “falta de coração puro”. “O coração puro é o verdadeiro
sacrifício que Deus quer: rasgai os vossos corações e não as vossas vestes”. Penitência,
sacrifício, confissão.
Ao falarmos de
conversão, queremos entender um constante repensar de nossa vida, assumindo os
compromissos tomados, para assim produzirmos os frutos de libertação.
“Convertei-vos e crede
no Evangelho” ouvimos ao receber as cinzas sobre nossas cabeças. Quando o ser
humano reconhece sua condição de criatura necessitada da ação de Deus, ele
entra numa atitude pascal, isto é, de passagem com Cristo da morte para a vida.
Esta Páscoa nós a vivemos na conversão, através dos exercícios da oração, do
jejum, da esmola ou partilha de bens e gestos solidários, no espírito do Sermão
da Montanha.
O Rito da imposição das
cinzas é, no fundo, celebração da vocação do ser humano, chamado a
imortalidade, contanto que realize o mistério pascal de morte e vida em seu
peregrinar por este mundo.
O fundamental não é o
que conseguimos fazer, mas o que Deus faz em nós. Por isso, a conversão é
deixar Deus agir em nós, dando a Ele o lugar que Ele merece em nós.
Pe. Raymundo Gomes de
Oliveira
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